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Apesar de o Censo Demográfico de 2010 (último do qual temos dados sobre religiosidade) do IBGE constatar a presença de mais de 60 mil terreiros no Rio Grande do Sul, concentrados principalmente na Região Metropolitana de Porto Alegre, e de 1,47% da população estadual se declarar adepta de religiões afro-brasileiras - superando estados como Rio de Janeiro e Bahia - o preconceito contra essas crenças ainda é uma realidade no estado. Alimentado pelo racismo estrutural e pela ignorância, esse preconceito leva à associação equivocada dessas religiões com “magia negra” e crueldade animal.
Reduzidas injustamente ao termo "macumba", as religiões de matriz africana são alvo constante de perseguição em todo o país, mesmo que nos últimos vinte anos, o país tenha visto avanço significativo no combate ao preconceito, à discriminação e à intolerância religiosa. Em 2003, o Governo Federal homologou a Lei 10.639, responsável por incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Cinco anos depois foi promulgada a lei 11.635, que instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
Contudo, em 2024, a Ouvidoria Nacional do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania verificou a existência de 3.853 violações à liberdade religiosa, constatando um aumento de casos em 80% se comparado ao ano anterior . Por mais que esses números não tratem apenas de ataques a praticantes de crenças afro-brasileiras, a maioria das vítimas são pessoas negras, atacadas, muitas vezes, em suas próprias casas. Isso sem levar em consideração os ataques que os espaços dos terreiros sofrem - mesmo durante celebrações - que vão desde pichações, incêndios criminosos e outras formas de depredação do espaço, além de comportamento hostil com os participantes nas entradas e saídas dos cultos.
Para entendermos a raiz do preconceito religioso, precisamos pensar historicamente: a origem das religiões de matriz afro-brasileiras está intimamente ligada à história da escravização africana e à resistência cultural africana. O candomblé, por exemplo, originou-se no século XIX, principalmente na Bahia, a partir da mistura de diversas tradições religiosas trazidas pelos povos escravizados, principalmente os Iorubás, Bantus e Jejes.
A partir do século XVI, milhões de africanos de diversas etnias foram aprisionados para serem escravizados no Brasil. Junto com a força de trabalho, trouxeram suas culturas, línguas, costumes e religiões. Diferentes indivíduos de diferentes etnias e consequentemente, de diferentes grupos religiosos, resistiram à opressão e à tentativa de conversão forçada de evangelização católica. Encontraram formas de manter suas crenças vivas, muitas vezes associando seus orixás aos santos católicos. Esse processo de sincretismo foi fundamental para a formação do Candomblé.
Os locais de culto, chamados terreiros, surgiram como espaços de resistência cultural e religiosa. Nesses locais, os escravizados podiam praticar suas tradições, cultuar seus ancestrais e fortalecer seus laços comunitários. O Candomblé se desenvolveu em diferentes "nações", que refletem as diversas origens étnicas dos africanos escravizados. As principais nações são: Ketu ou Nagô, originária dos povos Iorubás; Jeje, originária dos povos Ewe-Fon; Angola, originária dos povos Bantu. Cada nação possui suas próprias características, rituais, divindades e línguas.
A umbanda surge no início do século XX no Brasil e, diferentemente do que aconteceu no candomblé, se concretiza a partir da “mistura” de elementos de religiões africanas com outras crenças do território brasileiro. Das religiões africanas a umbanda herda o culto aos Orixás e entidades espirituais, enquanto do catolicismo é possível identificar visualmente as referências aos santos católicos.
A crença em reencarnação e comunicação com os espíritos é influência do espiritismo Kardecista e também da pajelança, relação que pode ser exemplificada com a presença da figura dos Caboclos.
*Texto introdutório do livreto que acompanha a exposição. Pesquisa: Abner Lopes e Marina Pergher.
O documentário “Afro: Das origens aos destinos” - produzido pela Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) aborda a influência africana na musicalidade brasileira, na gastronomia, na religiosidade e na formação do Recôncavo Baiano e da capital Salvador. O documentário traz depoimentos de Vovô do Ilê, Tonho Matéria, Padre Lázaro, pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, babalorixá Pai Pote, do terreiro Ilê Axé Ojú Onirê, músicos da banda ÀTTOOXXÁ, o artista plástico Alberto Pitta, o agitador cultural Clarindo Silva, Dona Dalva do Samba, entre outros.
Em Salvador, Bahia, o Retratos de Fé visita o terreiro do Gantois, fundado em 1849, onde Mãe Ângela destaca a trajetória do Candomblé e explica costumes e tradições da religião secular. Em Olinda, Pernambuco, um Oxaguian, de 17 anos, descreve seu dia a dia no Candomblé, apresenta o terreiro e faz uma apresentação de afoxé. Já em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um praticante conta o que mudou na sua vida depois que fez santo em uma comunidade de terreiro.
O filme Batuque Gaúcho retrata o maior fenômeno religioso do Rio Grande do Sul que é o Batuque ou Nação, denominação da religião de matriz africana originada no RS. Dirigido por Sérgio Valentim e Eugênio Alencar, é fruto de um trabalho de pesquisa de 4 anos que foi contemplado pelo programa ETNODOC da TV BRASIL, IPHAN e Museu Edson Carneiro.
“Ilê Asè Oyá - O filme” conta a trajetória da maior casa de candomblé que existiu em Maringá-PR e de sua sacerdotisa, a Yá Sandiá - Mãe Lurdes. A narrativa foi construída através de pesquisas, relatos e entrevistas com filhas e filhos de santo e frequentadoras(es) da casa. O terreiro, localizado no Jardim Alvorada (atualmente está fechado) contou com toda a estrutura necessária para a prática do culto, desde o barracão - onde são feitos os xirês e as cerimônias abertas - até as casas dos orixás, árvores e folhas sagradas. Essas dimensões físicas denotam sua a importância e relevância social, cultural e religiosa.
Como parte do projeto, foi desenvolvido um conjunto de materiais educativos que visam ampliar a compreensão do público sobre as religiões afro-brasileiras. Um dos principais recursos é o Glossário Afro-Religioso, produzido pelos pesquisadores Marina Pergher e Abner Lopes, que apresenta de forma acessível os principais termos, conceitos e expressões culturais ligados ao tema.
Além disso, o livreto pode ser baixado gratuitamente em PDF.
Arquivos disponíveis em breve.
Este projeto é financiado pelo Pró-cultura RS, Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura – Ministério da Cultura, Governo Federal.
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